Arquivos mensais: Março 2014

Gêneros: Capítulo 2 – FPS e TPS

Eae pessoal! Tudo certo? Hoje é dia do segundo capítulo da série explicativa sobre gêneros de jogos e hoje vamos falar sobre um dos que, na atualidade, é um dos carros chefe da indústria de jogos, o FPS e seu primo mais astuto, o TPS!

Half-Life 2 foi um dos grandes percursores dos FPS, introduzindo uma engine sólida e conceitos de física que seriam copiados por inúmeros títulos dali em diante.

  • O que é FPS e TPS?

A sigla FPS é um acrônimo para First Person Shooter, ou seja, um jogo de tiro em primeira pessoa. O que o caracteriza é a visão em primeira pessoa (ou seja, a câmera é posicionada de maneira que vejamos o jogo pelos olhos do protagonista) e ser um jogo de tiro (DÃR!), apesar de ser bem comum referenciar qualquer jogo em primeira pessoa como um FPS para quem é menos ligado no assunto. Já o TPS é acrônimo para Third Person Shooter, ou seja, um jogo de tiroteio com uma câmera voltada para fora do personagem, de modo a enxergarmos o personagem como um ser a parte, como se controlássemos uma marionete.

Max Payne 3 é ambientado em São Paulo. É Brasil minha gente!

  • História:

Tem-se uma boa discussão sobre qual teria sido o primeiro real FPS, sendo os concorrentes Maze e Spasim, já que ambos foram documentados por volta de 1974, mas como não se sabe exatamente a data de finalização, não dá pra se definir qual realmente veio primeiro. Relevando isso, a popularidade do gênero veio com o jogo Wolfenstein criado pela Id Software e que teve sua mecânica reaproveitada para o famoso Doom, para os PCs, possuindo inclusive propaganda protagonizada pelo próprio Bill Gates!

Qual o jogo favorito do Doombringer? DOOM!…piada pra quem joga DotA 2, ignore por favor.

Já os TPS não possuem uma saga tão bonita assim, onde os primeiros jogos a utilizarem o conceito foram os de gênero Shmp’s, que falaremos em um capítulo adiante. Os conceitos mais concretos começaram a surgir nos jogos da série “Contra”, que, apesar de ser um Shmp, possuía fases com a câmera aérea, idealizando o que hoje conhecemos pelo gênero. A popularização veio com a série “Tomb Raider”, embora não seja exatamente um Third Person Shooter, sendo o responsável pela concretização e ideologia do gênero.

Tomb Raider é melhor categorizado como um jogo de plataforma 3D, já que o foco não é exatamente o tiroteio, mas de qualquer forma é o grande divulgador do gênero.

  • Visão em Primeira Pessoa e Terceira Pessoa? Como assim? Então tem visão em segunda pessoa?

Err…não exatamente. Quando se emprega estes nomes ao conceito de posicionamento da câmera, queremos dizer que agimos de modo pessoal com o protagonista, incorporando-o como jogador (Primeira Pessoa) ou de modo impessoal, controlando um terceiro (Terceira Pessoa), sendo estes conceitos semelhantes aos da regra de conjugação verbal em português (Primeira Pessoa – Pessoal, Terceira Pessoa – Impessoal). Podemos até pensar em uma “visão em segunda pessoa” como sendo algo onde o protagonista age por conta própria (ou semi própria) e o jogador controla elementos que auxiliam o mesmo (algo como Kirby do Nintendo DS), mas isso não é uma visão técnica, apenas um pensamento.

Claro que existem outros tipo de visão, que podem ser consideradas em “terceira pessoa” por serem impessoais, mas que se diferenciam do conceito mais clássico deste. Dentre estas podemos citar a visão isométrica (visão de modo semi diagonal aéreo, fazendo aparentar um ambiente 3D, mesmo quando os gráficos não forem), visão lateral (como nos jogos de plataforma 2D), visão aérea (como nos jogos Shmp’ clássicos), etc. Entretanto, um jogo de tiro em terceira pessoa é, comumente, atribuído a jogos contendo visão de costas ou semi aérea, aparentando um jogo de plataforma 3D, porém com tiroteio. (Um jogo para ser considerado de tiro, tem de se focar no elemento de combate a distância, Portal e Ocarina of Time, obviamente, não podem ser considerados jogos de “FPS” e “TPS” respectivamente).

É tipo isso.

  • Pra quem é recomendado este tipo de jogo?

Começando pelo FPS, em geral este gênero possui um grau de ação bem maior e com uma narrativa de menor importância, se focando na diversão do combate, logo jogadores que se preocupam mais em se sentirem “dentro” do jogo, mais agitados e que gostem de coisas mais frenéticas vão se identificar bastante. Entretanto, a narrativa pode SIM ter uma grande importância, embora seja em casos mais isolados, como na trilogia Bioshock e no clássico F.E.A.R.

Outra coisa importante para se citar em FPSs é que eles, na maioria das vezes, contam com modos online muito bem trabalhados. Existem vários campeonatos de jogos do gênero, esquema de níveis e modos cooperativos, como o famoso modo de zumbis/aliens dos Call of Duty mais novos. São modos interessantes tanto pra quem quer se divertir com os amigos quanto pra quem quer levar sua jogatina mais a sério.

O TPS já é um pouco diferente, ele costuma ter um equilíbrio mais igualitário entre ação e narrativa, já que é um jogo com maior número de possibilidades se comparado a um FPS. É um gênero mais passatempo e “conta história”, pra quem gosta de se entreter com uma narrativa, mas sem deixar de lado uma boa ação, como as trilogias Uncharted e Lost Planet. Não possui um enfoque no multiplayer tão grande quanto os FPSs, mas não se pode ignorar de qualquer forma.

Pessoal estuda que é uma beleza.

  • Misturando gêneros:

Devido a saturação do gênero FPS, novas ideias foram surgindo para dar cada vez mais identidade aos jogos que foram sendo lançados, o que faz com que a barreira entre os gêneros deva ser quebrada. Logicamente, um dos mais clássicos é o pai de todas as misturebas, o bom e velho RPG (jogos de dramatização), contando com evolução, experiência, habilidades, etc… Tanto transformando o jogo em um completo RPG (como em Borderlands) quanto apenas utilizando seus conceitos para diversificar o gameplay (Far Cry 3). Survivor Horror também não escapa, tendo suas características “estéticas” sendo usadas para melhorar a personalidade do jogo (F.E.A.R. fez isso muito bem).

É claro que o inverso também acontece, sendo que elementos de FPS foram incorporados em jogos de Stealth (Dishonored por exemplo) e em jogos de RPG (Fallout 3 e Fallout New Vegas). Nestes, o jogo não é exatamente de tiro, porém o combate a distância possui uma função importante e estar acostumado com os controles desta maneira é fundamental.

No TPS a coisa já é mais difícil. Não é um gênero muito aberto a misturas de modo a preservá-lo, mas funciona legal se seus elementos forem unidos a outros gêneros, como em alguns jogos de hack’n slash (Deadpool, Tomb Raiders clássicos). Seus conceitos são usados de modo bem estendido na criação de jogos de survivor horror atualmente, como a franquia Dead Space e Resident Evil a partir do quarto, embora o gênero de aventura ambientando-se em primeira pessoa tenha roubado seu espaço por possuir maior “ligação” com o jogador (Outlast, Amnesia, Cryostasis…).

Borderlands é um legítimo RPG com jogabilidade de FPS, ótimo para uma diversão cooperativa.

  • Variações:

FPS e TPS possuem distinções bem específicas, o que dificulta um pouco a questão das variações. No caso do TPS, a maior parte das variações vem da posição da câmera, que pode ser tanto de cima, sob a cintura, nas costas, acima do ombro ou na diagonal apontada para baixo. Este comportamento tende a ser alterado durante o jogo dependendo das ações do jogador.

Há uma pequena sub variação de jogos chamada “cover based” tanto em jogos de FPS quanto de TPS, que são aqueles onde é extremamente importante saber se esconder em barricadas para evitar disparos ao invés de sair por ai matando todo mundo. Alguns jogos, sobretudo de FPS, implementam um realismo ao nível de jogos de simulador para criar uma ambientação mais fixa ao jogador, como no caso da série Battlefield.

A variação mais “visível” no caso do FPS são os “Rail Shooters”, que são aqueles jogos onde o jogador não controla a movimentação no cenário, apenas atira nos oponentes na tela e no máximo pode esquivar apertando botões na hora certa ou se esconder atrás de obstáculos enquanto recarrega, como em Time Crisis. O uso da tecnologia de armas de disparo na tela fez este subgênero também ser chamado de “Light Gun”.

Outra variação, agora envolvendo tanto FPSs quanto TPSs, são os “Tactical Shooters”, que são jogos onde uma estratégia em equipe deve ser elaborada, focando mais a tática (não diz?) que a ação. São jogos incrivelmente difíceis e com um teor de frustração bem grande, mas que são ótimos para quem gosta de desafio e, logicamente, estratégia. A franquia Rainbow Six é um bom exemplo, onde o jogador deve montar um plano de ação para uma determinada operação e personificar um de seus agentes a fim de ver se seu pensamento estava correto.

E TOMA CONTROLE NA CARA!

  • Exemplos de Jogos:

FPS:

  • Battlefield 4
  • Call of Duty Ghosts
  • Bioshock Infinite

TPS:

  • Uncharted 3
  • Mass Effect 3
  • Tomb Raider (2013)

Rail Shooter / Light Gun:

  • House of the Dead
  • Time Crisis
  • Resident Evil Darkside Chronicles

Tactical Shooter:

  • Rainbow Six
  • Ghost Recon
  • Soldier of Fortune

Então galera, este foram os dois primeiros gêneros abordados, esperam que tenham gostado, informações adicionais ou apresentação de outros conceitos, por favor podem comentar!

Gêneros: Capítulo 1 – Alto Nível

Durante a fase de concepção da ideia, cada jogo deve possuir uma característica única, que o diferencie dos demais ou que melhore algo já conhecido, a fim de se destacar dos outros e atingir alguma notoriedade. Entretanto, cada título, em geral, segue algumas regras de modo que possamos classificá-los em um ou mais gêneros, sendo que quanto mais gêneros, mais complexa a ideia. Neste primeiro capítulo vamos ver conceitos de gêneros de alto nível, que se subdividem e permitem que observamos os gêneros que conhecemos.

Deixando claro que os conceitos apresentados aqui são os conceitos casuais em relação aos gêneros, ou seja, como nós, jogadores, os conhecemos, e não conceitos científicos ou estritamente técnicos. É também preciso dizer que pode sim haver jogos cujos gêneros não possam ser contemplados como os explicados, portanto não se restrinja ao que conhecemos atualmente.

Os gêneros que chamamos de alto nível são: Ação, Aventura, Estratégia, Simulação, Casual e Dramatização. Estas classificações são voltadas ao modo de jogo e é uma subdivisão bem simplória, não levando em consideração termos técnicos de agrupamento em design. Não há nenhum jogo que possa ser considerado puramente destes gêneros, mas sim subgêneros a partir destes que herdam sua característica principal e adicionam mais para que se chegue numa ideia concreta do gênero. Estes também podem ser combinados em várias escalas a fim de se criar gêneros únicos, mas estes assuntos são para capítulos adiante.

Mass Effect é um bom exemplo do que uma grande mistura de gêneros pode fazer.

  • Ação:

Jogos de ação são aqueles que focam em exercitar os reflexos do jogador, de modo que o mesmo possa jogar melhor por reagir e se adaptar a situação de maneira mais eficaz e precisa ao longo do tempo. Os subgêneros de ação costumam ser frenéticos e exigir, além de reflexos, boa percepção e observação do cenário, a fim de que o jogador possa, no menor tempo possível, bolar um plano para se ver fora daquela situação o mais rápido que conseguir. Costumam ser bem populares entre jogadores mais novos, já que não exigem nenhum tipo de estudo antes de se iniciar o jogo e não perde o pique, evitando ao máximo que o jogador fique preso a enigmas ou locais sem saída aparente, além de não exigir muita leitura também.

Dentre alguns dos subgêneros destes:

  • FPS
  • TPS
  • Plataforma
  • Shump’
  • Beat’em Up

Call of Duty é uma saga que serve bem de exemplo a popularidade dos jogos de ação.

  • Aventura:

Jogos de aventura tem a característica de serem jogos calmos, mas que podem exercer uma pressão sobre o jogador caso necessário. São títulos focados em enredo e exploração, de modo que o jogador deve ter uma excelente observação de cenários e diálogos para que consiga tomar as melhores decisões. Apesar de não serem tão populares entre grandes produções, são muito comuns entre jogos indies e suas características são absorvidas por outros gêneros a fim de criar ambientes únicos. Em resumo, são jogos focados em personagens, ambiente e história, para quem gosta de algo menos intenso.

Dentre alguns dos subgêneros destes:

  • Point and Click
  • Visual Novel
  • Story Telling

Visual Novels são bem comuns no Japão, inclusive contendo bastante conteúdo adulto, já por aqui não são tão populares, mas são ótimos com seus enredos, fazendo o jogador se sentir vendo uma real série de TV. Time Hollow é um exemplo.

  • Estratégia:

Jogos voltados ao controle de recursos e objetos de jogo de modo a derrotar o oponente ou prosperar seu domínio da melhor forma possível. Em geral, são jogos com uma carga gigantesca de informação e exigem muito estudo e experiência antes de se aprender a jogar com eficiência. São comumente misturados a subgêneros de dramatização, criando ambientes fantásticos, porém jogos de estratégia pura possuem uma grande parcela de fama, principalmente entre títulos competitivos. Além disso, também é comum ver títulos de estratégia sendo misturados a jogos de simulação para se criar situações fantásticas e ainda mais próximas da realidade, como se pretende no gênero em questão.

Dentre alguns dos subgêneros destes:

  • RTS
  • TBS

NUNCA desafie um coreano a uma partida de Starcraft.

  • Simulação:

Jogos de simulação são títulos que buscam, como o próprio nome diz, simular uma situação. Entretanto, existem dois tipos de jogos de simulação, o propriamente dito e o arcade. Os jogos de simulação pura tentam se aproximar o máximo da realidade possível, tornando-o uma cópia fiel da situação que apresenta, já os arcades não tomam isso tanto em consideração e tentam fazer com que o jogo torne-se divertido dando a ele aspectos irreais, alguns apenas para não tornar o jogo tão travado nas questões realísticas e outros para agregar mais diversão ao jogador.

Dentre alguns dos subgêneros destes:

  • Corrida
  • Esportes
  • Gerência
  • Instrumental

Gran Turismo e Need For Speed mostram bem as diferenças entre um jogo de simulação e um arcade.

  • Casual:

Jogos casuais são aqueles que foram feitos para serem mais passatempos que jogos de longa campanha, porém acabam sugando bem mais tempo do jogador (ou jogadores) que aparenta. Possuem várias formas, mas poucos subgêneros, sendo necessário alguma mistura entre outros gêneros para se tornar mais efetivo. São jogados em partidas geralmente rápidas e podem ter uma grande carga de conhecimento imbutido, embora não seja estritamente necessário.

Dentre alguns dos subgêneros destes:

  • Card Game
  • Tower Defense
  • Puzzle
  • Rhytym

Embora o nome pareça mencionar apenas jogos casuais comuns, como Cut The Rope, este gênero possui bem mais utilidades.

  • Dramatização:

Jogos de dramatização são os famosos RPGs, aqueles jogos onde o jogador toma o papel do protagonista, dando a ele seu nome ou não, seguindo o enredo enquanto monta sua estratégia e tomando decisões que afetem seu personagem. Muitos dos elementos desse gênero são roubados para outros gêneros a fim de proporcionar ao jogador uma maior individualidade na campanha e extender seu conteúdo.

Dentre alguns dos subgêneros destes:

  • Western RPG
  • JRPG
  • TBS RPG
  • Roguelike
  • Metroidvania

Não é bem ESSE tipo de dramatização, Celes.

Enfim, estes são considerados os gêneros mais acima da escala, porém vamos discutir passo a passo cada um dos subgêneros apresentados e suas características específicas ao longo dos capítulos!